Entre 1° e 04 de dezembro de 2010, nas cidades de Belém e Castanhal/PA, nós, participantes do III Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, sintetizamos o que consideramos como principais discussões nesse documento, intitulado “Carta do Norte da Educação Física brasileira”. Ao sinalizarmos as principais discussões e reflexões elaboradas nestes quatro dias, nos referimos a três problemáticas centrais ao norte da Educação Física no Norte de nosso país, sejam eles: 1 – as pesquisas DA e NA região Norte; 2 – um política de publicação da nossa região e; 3 – política de formação continuada e de pós-graduação em Educação Física NA e DA Região Norte.
A conjuntura dessas três problemáticas apresenta contradições da realidade própria da sociedade e do capital e materializada em nosso contexto local. Essa contradição é cunhada no descaso com a Universidade, em seu sentido mais generalizado, com o Norte em particular, e por outro lado, evidenciada pela resistência dos/as professores/as a todas as inferências mais ampliadas e presentes em nossa região. Logo, permanece a necessidade de materializarmos, nessa Carta, essa análise e, a partir dessas problemáticas, darmos possíveis proposições ao norte da Educação Física do Norte.
No tocante às pesquisas que estão sendo realizadas na Região Norte, as discussões travadas nesse Congresso sinalizaram que há tanto pesquisas como expressão aos esforços de seus protagonistas – que insistem em resistir diuturnamente aos obstáculos da produção e sistematização do conhecimento em nossa região – e têm por objeto os nossos desafios e as nossas necessidades, como, também, pesquisas que delineiam seus objetos a partir de outros contextos. Nesse sentido necessitamos reconhecer o norte das pesquisas em Educação Física em nossa região.
A segunda discussão que travamos no seio desse Congresso foi a necessidade da concretização de uma política de publicação científica PARA a DA Região, por ocasião de toda a resistência que encontramos para produzirmos revistas, periódicos etc. e, em especial, concretizarmos e fortalecermos o tripé das nossas Universidades Públicas: ensino, pesquisa e extensão.
Ainda na perspectiva da análise conjuntural, a própria política de formação continuada e de Pós-graduação precisa estabelecer suas fronteiras regionais, sem isolar sua discussão, mas, construir um processo de formação de professores e pesquisadores da Região.
Os desafios da formação em nível superior, bem como da produção e sistematização do conhecimento, precisam ser entendidos e reconhecidos como desafios Amazônicos. Não se trata de buscar caracterizar nossas demandas e desafios como maiores ou mais urgentes daqueles de outras regiões do país. Os bolsões de miséria econômico e social, e nesse particular de ciência e tecnologia, estão presentes em todas as regiões. Mas é inquestionável que são maiores no Nordeste e no Norte brasileiros. Trata-se de verdadeiramente reconhecer essa realidade e, na particularidade Norte-brasileira, enfrentá-la, pois se tratam de desafios grandiosos e que, em suas particularidades, se aprofundam imensa e severamente, não apenas nas Universidades Públicas da Região, como a todo seu povo.
A partir dessa conjuntura, a síntese mais ampliada que damos como encaminhamento a nossa Carta é a construção e organização de um Fórum Permanente, institucionalizado e orgânico, aglutinando as Universidades Amazônicas e seus/suas trabalhadores/as.
Este fórum, e sua forma de organização dentro das universidades públicas da região, se torna essencial para o fortalecimento de uma política de publicação científica e de formação continuada e, sem receio de enfrentar o que nosso povo enfrenta, sem medo de aprender com esse povo, sem medo de reconhecer que uma melhor vida para este povo encontra-se em sua prática social.
Em defesa da autodeterminação deste povo e daqueles que formam seus trabalhadores/as e seus pesquisadores/as!
Vida Longa ao III CONCENO!
Assinam esta Carta estudantes, professores/as e pesquisadores/as presentes neste III Congresso Norte-brasileiro de Ciências do Esporte.