“[...] o Brasil em Movimento é uma proposta de “uberização” do trabalho dos profissionais/professores de educação física, que reduz o usuário do SUS a um perfil consumidor individual de atividade física e o trabalho do PEF a procedimentos sem acompanhamento, sem vínculo terapêutico e deslocados de qualquer projeto singular construído de forma multiprofissional e/ou intersetorial.
Sabe-se que a política de indução de AF no Brasil deveria contribuir para o cuidado de saúde com foco em condições crônicas e articulado a outras estratégias de promoção da saúde. A promoção de AF de qualidade é um projeto coletivo, atravessado por determinações sociais que não podem ser reduzidas a um algoritmo sem memória e sem um horizonte de transformação social.
A própria OMS possui diretrizes para a utilização de dispositivos móveis que preveem ampliar o acesso da população a informações, serviços, redes de cuidado e profissionais de forma segura e com qualidade. Nesse sentido, há recomendações internacionais explícitas para a promoção da atividade física com abordagem integrada e sistêmica, que precisam ser consideradas pelo Ministério da Saúde, e que vão na contramão da proposta de uberização - superexploração, rebaixamento e precarização do trabalho".
Por isso, o Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE), entidade científica que congrega pesquisadores ligados à área de Educação Física/Ciências do Esporte, através do GTT Atividade Física e Saúde, escreve esta carta em repúdio ao programa Brasil em Movimento, reafirma a defesa do SUS e do trabalho com dignidade e com direitos. Colocamo-nos à disposição para dialogar e contribuir com políticas públicas solidárias que visem ampliar o acesso da população ao direito constitucional à saúde.” Trecho final da Carta repúdio do CBCE ao Programa Brasil em Movimento do Governo Federal.